Um país mal governado ou uma organização mal dirigida significa que, como tal, a sobrevivência está em causa. Vem isto a propósita do tiro no pé dado pelos palestinianos há dois dias. Podem ter, e têm, todas as razões de queixa dos judeus que os expulsaram das suas casas e das suas terras deixando-lhes apenas o pior e que, como se isso não bastasse, continuam a ocupar ilegalmente, com a indiferença real da comunidade internacional, o pouco que lhes deixaram. Quem é que ignora a construção ilegal de colonatos judaicos e de bairros nos territórios que são dos palestinianos? Quem é ignora que, por provocações dirigidas pelo Hezebolla, controlado por Israel, o judeus destruiram o Líbano para criar trabalho para empresas judaicas e pago pelos contribuintes internacionais? Quem é que ignora que por provocações dirigidas pelos Hammas, igualmente controlado por Israel, os judeus destruiram Gaza também para conseguirem trabalho para empresas judaicas e mais uma vez pago pelas doações internacionais em vez de ser o estado de Israel a pagar.
Apesar de todas as queixas os palestinianos, mal dirigidos-ou talvez itencionalmente mal dirigidos-,desperdiçaram uma oportunidade soberana de mostrar tolerância para com Israel em algo que só os favorecia se bem aproveitado e tolerantemente aceite.
Leonard Cohen, depois de actuar em Lisboa, no Pavilhão Atlantico, foi para Israel para actuar em Telavive. A isso se opuseram os palestinianos, não sei com que legitimidade, pedindo o cancelamento deste último concerto. Cohen, que é judeu, que talvez faça parte dos um por cento de judeus tolerantes,não cancelou o concerto de Telavive mas dispôs-se a actuar em Ramallah, para os palestinianos, com a mesma intenção e disponibilidade, com que o fazia para os judeus. Mas os palestiniaos não quiseram. Só queriam que Leonard Cohen não actuasse em Telavive. Com a sua atitude Cohen marcou pontos e distribuíu-os pelos judeus porque os palestinianos os deitaram fora. Cohen agiu muito bem. Não tem o meu aplauso como artista porque não o aprecio como tal mas tem-no pelo aprumo e verticalidade que demonstrou. Assim agissem todos os judeus.
Vitorino Batalim
2009/08/01