segunda-feira, 25 de maio de 2009

EDUCAÇÃO

Quem ler o que a seguir é transcrito do blog "La belle vie de Véronique" da minha filha Dora Batalim, pensaria mal de mim se fosse transcrito sem uma explicação prévia.

Sempre tive, e mantenho com as minhas filhas, um relacionamento especialmente de amigos. Nunca lhes bati.

Contudo tiveram desde que nasceram regras de comportamento a respeitar. Quando as infringiam eram corrigida com firmeza e tinham liberdade pr'a se defenderem.

É muito fácil educar crianças e fazer delas homens e mulheres de valor sem as maltratar, desde que os pais as tenham a noção da responsabilidade do que é ter um filho e fazer dele um cidadão integrado na sociedade.

Tive colégios e fui director. Sei o que é lidar com crianças. Educá-las.

Ainda ontem, no casamento da Dora, aos 39 anos, encontrei varias alunas e alunos já licenciados em várias áreas. Foi comovente relembrar como eram pequenos e frágeis e ver como são hoje Mulheres e Homens já com as suas vidas estabelecidas e com filhos grandes, alguns também presentes.

Encontrei aquele que me desafiou pr'a jogar ao carolo ao perde paga porque tinha ganhado aos colegas todos. Aí pensei, estás demasiado arrogante. Tenho que jogar contigo e ganhar para aprenderes que por melhor que se seja pode haver sempre alguém melhor do que nós.

Joguei, ganhei e guardei o carolo pr'a mim.

E sabem o que aconteceu depois?

Os que perderam com ele todos quiseram jogar comigo porque, se me ganhassem, vingavam-se dele.

Ganhei a todos e guardei todos os carolos para que aprendessem à sua custa a relatividade de todas as situações. Mais tarde atirei os carolos ao ar no páteo para eles os apanharem.

E aquele que, perante uma grave patifaria que fez a três colegas meninas, depois de se informar qual era o castigo a aplicar a quem tal tinha feito e tendo eu dito que lhe dava duas estaladas me disse: " Sr. Director, dê-me duas estaladas que fui eu".

E acham que eu fiz o quê?

Pus-lhe o braço por cima, caminhei com ele ao longo da rua e disse-lhe: "Acabas de tomar uma atitude que poucos adultos são capazes de tomar e que foi assumires a responsabilidade e as consequências do teu acto errado e injusto. Por isso não te bato. Faz sempre isso quando errares. Assume sempre a responsabilidade pelos teus actos errados para que possas reclamar os prémios pelos teus feitos heróicos. “

Na Relação com a Dora e com a irmã, ainda hoje há um relacionamento duplo porque há duas formas de se me dirigirem. Se estamos apenas a querer saber notícias uns dos outros, a Dora chama-me de paizão e a Clara de meu lindo ou meu carequinha. Se é um assunto sério, qualquer delas se me dirige tratando-me por pai. Continuamos a ser essencialmente amigos.

Nunca uma foi favorecida em relação à outra. Era e são diferentes e por isso não foram educadas exactamente da mesma maneira. Cada uma mantém a sua personalidade original, moldada e amparada no seu desenvolvimento mas não deformada por uma vontade exterior.

Se duas crianças são diferentes não podem ser educadas da mesma maneira, o mesmo acontecendo com os adultos. Cada um deve ser tratado com respeito pelos parâmetros da sua personalidade desde que ele não se auto exclua e se mantenha enquadrado dentro das normas sociais normais de coexistência e da cidadania. Não há excluídos, salvo alguma excepção. Há auto excluídos.

Tenho autoridade e experiência para dizer que os desmandos da juventude de hoje são culpa e responsabilidade única e exclusiva dos pais.

Coitadas de tantas crianças que têm mães e pais impróprios!

Coitadas de tantas crianças que eram melhor tratadas e educadas se fossem filhas de pais a que chamamos irracionais. Serão? Como pais e mães não, especialmente estas últimas. Quantos humanos deveriam ter vergonha dos "irracionais" no que respeita à educação e acompanha mento dos filhos até serem independentes.

E depois desta introdução, passo agora a transcrever o artigo do Blog da Dora “la belle vie de véronique”:












K especial

Já passaram 100 anos. Não sei quando terá o sr Kellogg chegado a Portugal, mas ainda me lembro da maior felicidade que nos esperava de cada vez que íamos a Londres, eu e a Caia: "cornosflakes" ao pequeno almoço, no bed and breakfast da Esmeralda em Earls Court. Isto quer dizer que se por cá existiam quando tínhamos 5-6 anos, pelo menos não eram assim uma coisa muito habitual. O crunch bom e amarelo torrado a estalar na boca de manhã permitia-nos legitimamente desafiar as regras da boa educação e pôr os vizinhos de mesa a olhar para nós com um sorriso que durava um segundo antes da voz e o olhar severo do pai nos inter romper bruscamente. Até os "cornosflakes" obedeciam, pois amoleciam logo em seguida, afundados no banho do leite quente açucarado, uma papa que durava longos
minutos a ser comida, o tempo do nosso consolo. Adorávamos as viagens a Londres. Anos mais tarde aqui, aprendemos a usá-los com leite frio para que o barulho estaladiço durasse mais tempo, mas não era a mesma coisa.



Nota:-Caia é a irmã Clara que a Dora começou a tratar assim e continua. Duas irmãs que discutiram muito em pequenas mas em cujos desentendimentos nunca me meti. Era problema delas.


Setembro 01, 2006

***

Sem comentários: